Após o sucesso de Pobres Criaturas, Yorgos Lanthimos retorna com Tipos de Gentileza, uma antologia composta por três histórias inusitadas e independentes, mas unidas por uma temática comum: as incertezas da vida e os obstáculos internos enfrentados pelos protagonistas.
O filme marca mais uma colaboração entre Lanthimos e Emma Stone, que aqui se desdobra em três personagens distintos – Rita, Liz e Emily – acompanhada por Jesse Plemons e Willem Dafoe, também em múltiplos papéis.
Os 3 contos
Cada um dos três segmentos aborda uma trama completamente diferente, tanto em estilo quanto em tom, mas todos carregam a marca registrada do diretor: o humor ácido, o surrealismo e a análise profunda das emoções humanas. A primeira história explora um caso de amor proibido envolto em manipulação e traição.
Lanthimos mostra onde o humor desconfortável e os jogos psicológicos se entrelaçam. É um início perturbador que já mostra o domínio do diretor em criar atmosferas densas e imersivas.
O segundo conto é bizarro. Aqui, acompanhamos uma narrativa quase sci-fi, em que uma mulher desaparecida em uma missão retorna – ou será que retorna?
O mistério sobre sua identidade e a dúvida crescente de seu marido, que acredita que ela pode ser um clone, explora o conceito de identidade e a fragilidade da realidade. Este segmento é talvez o mais Lanthimos de todos, repleto de situações absurdas que te desafiam a questionar o que é real.
A terceira e última história é no misticismo, girando em torno de uma seita que busca obsessivamente alguém capaz de ressuscitar os mortos. Com tons sombrios e rituais estranhos, essa parte do filme se destaca pelo desconforto visual e emocional, elevando a tensão a níveis quase insuportáveis.
Curiosamente, há um personagem recorrente em todas as histórias – sempre interpretado pelo mesmo ator – que tem uma única função: morrer. Mostrando que, independentemente do contexto ou da história, alguns destinos são inevitáveis.
Mas é bom?
Visualmente, Tipos de Gentileza é um espetáculo à parte .Zooms extremos e enquadramentos desconfortáveis para amplificar o impacto das emoções, seja em um beijo intenso ou será que nojento? Em detalhes grotescos como insetos, ou em cenários saturados. Essa escolha estética, junto com a trilha sonora perfeitamente cria uma experiência sensorial no mínimo diferente.
O desconforto, a curiosidade e a tensão estão ali, na pele, enquanto perguntas surgem incessantemente: O que eles realmente desejam? Por que isso é tão importante? Até onde estão dispostos a ir?
As atuações são claramente incríveis. Emma Stone, Jesse Plemons e Willem Dafoe dominam a tela em cada um de seus papéis, trazendo camadas de desespero, loucura e, em alguns casos, uma tristeza comovente. Mesmo nos momentos mais bizarros, a entrega dos atores mantém o espectador conectado com as complexas emoções em jogo.
Cada personagem parece à beira do colapso…
Mas cuidado!!
Tipos de Gentileza não é um filme para todos. A narrativa fragmentada, as cenas bizarras e o humor peculiar podem afastar aqueles que não estão acostumados com o estilo do diretor ou um cinema mais “cult”. Quem já é fã das obras dele provavelmente vai gostar – desde as metáforas escondidas até as críticas sociais sutis.
Nota Final: 6.0