Crítica | O Charlatão (2020)

O Charlatão finalmente chegou as telonas do Brasil e nele podemos ver a vida do polêmico curandeiro tcheco Jan Mikolášek, história contada pela visão da diretora em ascensão Agnieszka Holland – o filme biográfico complexo e ambíguo rendeu a indicação oficial da República Tcheca para o Oscar de 2021.

Mas é bom?

Mikolášek não era um médico treinado, mas sim um respeitado “curandeiro” que diagnosticava seus pacientes sem base científica alguma, geralmente ele os tratava com métodos homeopáticos, usando remédios à base de plantas, e recomendando dieta alimentar e outras mudanças. O roteiro o vai construindo como uma espécie de vigarista e começa a ser visto assim por outras pessoas, curiosamente não por ele mesmo que acredita claramente em seus métodos, assim como a maioria dos seus pacientes. Eles realmente parecem se beneficiar, mesmo sem passar de um bom efeito placebo.

Então a direção e o roteiro vão brincando com a personalidade complicada do suposto Charlatão,
oscilando entre a admiração e a condenação, Ivan Trojan estrela como Mikolášek e capta maravilhosamente a natureza dual do personagem: inteligente e assertivo, mas totalmente desapaixonado, ele inspira confiança, mas não empatia. Isso pode não agradar a alguns espectadores, mas captura bem a natureza ambígua dele. O tempo presente tem uma fotografia cinzenta, marcada pelos detalhes às degradações. Já antes, no pós-guerra, tem cores vivas, com campos brilhando em verde e uma fluidez na movimentação interna indicando aquele saudosismo. O Charlatão tem perfeito equilíbrio em diferentes tempos. O filme é baseado em fatos reais e talvez por isso despertou tanto interesse de todos – ele é tão popular que tem que recusar dezenas de pessoas que fazem fila para seu tratamento todos os dias. Ele conseguiu até convencer os médicos nazistas de seus métodos. E um de seus pacientes mais importantes foi Antonín Zápotocký, presidente da Tchecoslováquia na década de 1950. Porém, Zápotocký morre, e o personagem perde seu maior apoiador – e foi impiedosamente acusado de assassinato (a trama do assassinato foi criada para o filme, mas o verdadeiro Mikolášek foi condenado por outros crimes e preso por cinco anos, após os quais nunca mais voltou a exercer a profissão).

A jornada do personagem é surpreendente, complexa, ambígua e interessante – exatamente assim como a pessoa real em que a história foi inspirada. A diretora polonesa Holland faz assim sua estreia explodindo nas premiações representando seu primeiro longa-metragem totalmente tcheco. Por se tratar de um filme biográfico e bastante específico – talvez nem todos se agradem com a obra, mas a maioria dos apreciadores do cinema com certeza notarão a riqueza detalhada de Mikolášek, e a performance de Trojan, tornando a jornada em uma arte.

Nota Final: 10.0

Trailer e Sinopse

A vida de Jan Mikolášek, um curandeiro tcheco conhecido e bem-sucedido, que diagnosticou e curou pessoas usando sua intuição e sua familiaridade com as plantas. Seus remédios e prescrições, embora principalmente à base de plantas, incluíam mudanças no estilo de vida e na dieta alimentar. Ele curou não apenas pessoas pobres das aldeias, mas também muitas pessoas conhecidas, incluindo o presidente da Checoslováquia, Antonin Zápotocký. Os métodos de diagnóstico e cura notórios de Mikolášek chamaram a atenção do regime comunista tcheco. Ele foi finalmente preso depois que estricnina foi encontrada nos corpos de dois homens que ele havia tratado.

Onde Assistir?

O Charlatão, já está disponível nos cinemas brasileiros e também pode ser adquirido para aluguel e compra no NOWLookeVivo PlayGoogle PlayMicrosoft e iTunes nas versões dublada ou legendada (com áudio original).

Esse filme foi assistido à convite da A2 Filmes

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