Crítica | A Jaula (2022)

Na sociedade brasileira temos escutado ultimamente muito a expressão:

“cidadão de bem”. O que
significa ser um “cidadão de bem”, uma “pessoa religiosa”?

Pessoas utilizam da religião para fazer política e se esquecem que através da história muitas atrocidades foram cometidas em nome da religiosidade. Claro que existem as pessoas que são religiosas e são donas de bons corações e fazem o bem ao próximo sem esperar nada em troca.

Além da religiosidade, existe um sentimento no brasil de que a corrupção sempre sairá impune. Pessoas se mostram indignadas com tudo que acontece, todos os dias no noticiário alguma coisa muito ruim é reportada à sociedade. As pessoas ficam 24 horas, sete dias por semana, sendo alimentada com notícias negativas. Vale lembrar aqui um trecho da letra de “BaaderMeinhof Blues” da banda Legião Urbana:

“E essa justiça
Desafinada
É tão humana
E tão errada“

O problema do crime no país e no mundo não está no fato resultante que é noticiado na TV, mas um problema que tem raízes muito mais profundas e, pode-se dizer, nada a ver com religião. A qualidade de vida dos indivíduos, não exclusiva, mas principalmente, no capitalismo é produzida de forma a gerar riqueza e pobreza em paralelo. Enquanto uma minoria se “abastece” de boa vida e abundância em riquezas, outros são levados a pobreza por consequência. 

Dessa forma, o filme é caracterizado pelo encontro dos dois extremos da sociedade em algum lugar, em um determinado tempo. Um polo que defende a ideia de “cidadão do bem” e o outro é o indivíduo ficha suja. A questão é que o defensor dos bons costumes é uma releitura do personagem Javert de “Os Miseráveis” (obra francesa de Victor Hugo adaptado para o cinema e musicais, tendo sua mais recente versão para o cinema em 2012) vestido de médico que se torna uma espécie de vingador nutrido pelo ódio a injustiças, como Javert. O médico, personagem de Alexandre Nero, resolve agir
por conta própria.

O gatilho para sua ação pode ter razões pessoais ou ele foi influenciado de alguma forma até tomar a fatídica decisão? Nesse momento, as vidas de Doutor Henrique e Djalma se cruzam, gerando uma história carregada de críticas sociais e políticas de forma escancarada, tentando trazer à luz uma reflexão sobre a nossa sociedade. O filme ainda nos concede um estudo sobre o que é a moral e o seu significado, mas em outra oportunidade podemos continuar nesse assunto específico.


Filme muito recomendado para os cinéfilos de plantão que gostam de uma boa produção nacional.

Nota Final: 8.0

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