PISQUE DUAS VEZES

Diogo Souza

23 de agosto de 2024

Em sua estreia na direção, Zoë Kravitz entrega um thriller psicológico elegante e perturbador com Pisque Duas Vezes. O filme segue Frida (Naomi Ackie), uma garçonete que, ao cruzar o caminho do carismático magnata da tecnologia Slater King (Channing Tatum), é convidada para uma viagem dos sonhos em uma ilha privada.

O que inicialmente parece ser um paraíso hedonista logo se transforma em um pesadelo, à medida que Frida percebe que há algo profundamente errado com o cenário idílico em que se encontra. Com toques de mistério e tensão crescente, Pisque Duas Vezes desafia a percepção da realidade e explora os perigos ocultos por trás de uma vida de excessos.

Mas é bom?

As atuações são um dos maiores acertos do filme. Naomi Ackie, em particular, entrega uma performance poderosa como Frida, capturando perfeitamente a vulnerabilidade e a determinação da personagem enquanto ela tenta navegar por uma realidade que se distorce a cada momento. Channing Tatum surpreende ao incorporar o misterioso Slater King, cuja presença é ao mesmo tempo sedutora e ameaçadora. O elenco, em geral, transita com facilidade entre momentos de charme, inquietação, mistério e assim vai.

Zoe Kravitz na direção!!

Zoë Kravitz demonstra uma direção confiante e precisa, especialmente para um gênero tão delicado como o suspense. Manter o público preso à narrativa mesmo após a revelação do plot twist é um desafio considerável, principalmente para a estreante. Ele não tem pressa em entregar suas reviravoltas, mesmo com uma duração de 1h30min. A tensão é cultivada de maneira gradual, com sugestões sutis e pequenas pistas ao longo do caminho que te deixam tentando montar o quebra-cabeça junto com Frida.

Inspiração veio forte

A comparação com filmes como O Menu e Corra! (2017) é inevitável. Assim como essas obras, Pisque Duas Vezes mistura o desconforto social com o horror psicológico, utilizando o cenário exótico e luxuoso como pano de fundo para críticas à desigualdade, à superficialidade da elite e à manipulação da realidade.

O filme oferece uma reflexão inquietante, e traz a atmosfera claustrofóbica de Corra! com o cinismo afiado de O Menu.

Outro ponto forte do filme é a cinematografia. As cenas na ilha são estranhas, porque normalmente vemos como um lugar de liberdade, e aqui parece apertada e cada vez menor, ficando com uma beleza artificial, quase que superficial – com os sinais sutis de que algo está fora do lugar.

Pisque Duas Vezes é uma estreia impressionante para Zoë Kravitz na direção, oferecendo uma narrativa simples, mas com um comando de tensão crescente de chegar a momentos quase insuportáveis!!

Nota Final: 9.5

Esse filme foi assistido à convite da Warner Bros Pictures.

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