GRANDE SERTÃO

Diogo Souza

10 de junho de 2024

Grande Sertão chegou aos cinemas de todo o Brasil. Dirigido por Guel Arraes, e com roteiro dele e Jorge Furtado, o filme é baseado na obra de Guimarães Rosa.

Num território atemporal, favelas e facções, o professor Riobaldo (Caio Blat) tenta sobreviver no Sertão, local dominado pelo bando de Joca Ramiro (Rodrigo Lombardi, o eterno Raj da novela ‘Caminhos das Índias’). Quando uma aluna sua é baleada na porta a escola, Riobaldo conhece Otacília (Mariana Nunes, de ‘Alemão’), mãe da menina, e reencontra Diadorim (Luisa Arraes, de ‘Transe’), seu antigo amigo de infância que lhe ncorajara a não ter medo da vida.

Porém, quando uma guerra explode encabeçada por Hermógenes (Eduardo Sterblitch) e revidada pelo comandante do exército, Zé Bebelo (Luís Miranda), o filme se centraliza nesta relação de Riobaldo e Diadorim, no qual Riobaldo abandona a sua antiga vida, repensando sobre a vida e sobre o mundo, e sobre tudo o que acontece no Grande Sertão.

Agarrado a uma coragem na qual nem saber existir dentro de si, Riobaldo tenta ao mesmo tempo buscar entender o por que o seu coração bater mais forte por Diadorim.

Mas é bom?

O filme trás uma fotografia brilhante. Envoltos em uma realidade submersa daquele território sombrio, sujo e repleto de perigos, somos mergulhados a um ambiente no qual torcemos pela libertação da consciência de Riobaldo para que consiga sair deste mundo no qual mergulhou simplesmente por amor.

Outro ponto bastante positivo que vale ressaltar é o quanto o diretor conseguiu cumprir o desenvolvimento da obra de um livro de 740 páginas, com um filme de menos de 2 horas. Brilhante!

A caracterização dos personagens impressiona, tanto no figurino, como na maquiagem. A caracterização de Eduardo Sterblitch é chocante. Sem nenhum filtro, o personagem é extremamente feio e chocante. Sem dúvidas, uma das suas melhores interpretações de toda a carreira.

O longa também consegue traduzir a guerra do sertanejo, dos cangaceiros versus os jagunços, os coronéis, as milícias do imaginário comum do interior do país para uma linguagem contemporânea, urbana, mesclando com a violência que acontece hoje nas capitais metropolitanas do país.

Essa modernização para a realidade atual nos envolve na história, auxiliando na compreensão, mesmo sabendo que essas guerras e lutas mesmo sendo escritas nos anos 50, permanecem vivas e atuais nos dias de hoje.

É um filme que traduz a vida nas favelas, os perigos e as dores enfrentadas por tantas famílias, e o quanto demonstra a atemporalidade e a
qualidade da literatura e do cinema brasileiro, deixando muitos filmes hollywoodianos para traz.

Nota 8,0

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