Difícil começar a falar sobre um filme que começa num infinito amontoado de sentimentos. Uma obra que desmonta em pequenos pedaços aqueles sentimentos que temos antes de fechar os olhos para dormir e, meio que, temos um momento de reflexão sobre o que fizemos da vida até aquele exato momento, na esperança, muitas vezes, considerada por nós mesmos, vã. Achando que nada mais pode mudar, pelo menos para melhor.
Quando tudo, aparentemente, funciona como um mecanismo perfeito para fazer sua vida continuar em completo desgoverno, não existe alternativa remotamente plausível e visível para outra realidade.
O filme trás em seu cinema do absurdo essa alternativa e uma oportunidade para todos os personagens de ver o quão precioso é aquele momento. O momento mágico do agora. Agora, a palavra mágica que pode mudar tudo. Se continuarmos pensando sobre o que poderia ser e sobre o pode ainda ser, nunca poderemos focar no agora. O verdadeiro poder de mudar as coisas está em agir, naquela fração de tempo, naquele tempo menor que um milésimo de segundo. O momento da virada da vida, de reconexão, de verdade, de tristeza, de alegria, de errar, acertar, de viver.
Uma frase que eu amo citar do livro Anna Kariênina de Liev Toltói: “Todas as famílias felizes se parecem, cada família infeliz é infeliz à sua maneira.”
Somos apresentados a uma família infeliz, perfeitamente infeliz a sua maneira. A mãe, Evelyn, (Michelle Yeoh) que se sente sufocada em uma rotina que lembra a ela constantemente tudo que ela poderia ter sido, a filha lésbica Joy (Stephanie Hsu) que acha que sua mãe nunca vai conseguir entendê-la e aceitar sua orientação sexual e enxergá-la como ela é, sem julgamentos, o marido e pai de Joy (Ke Huy Quan) sempre amável e prestativo começa a achar que sua situação conjugal não está indo bem e que encontrou uma maneira totalmente absurda de tentar conversar com sua esposa a iniciar uma conversa sobre o casamento, achando que um pedido de divórcio poderia salvar seu casamento. Imagina só, um pedido de divorcio salvar o casamento. Pior que isso realmente pode acontecer, pois trás reflexão a ambas as partes sobre seus papéis em relação ao outro.
O grande pequeno problema inicial da família os leva a uma auditoria de seus negócios, um lavanderia que está sendo levada aos trancos e barrancos para se manter funcionando. E nessa auditoria que é apresentada a auditora Deirdre (Jamie Lee Curtis) que está pegando no pé da família. Nas cenas de auditória temos uma introdução ao que o filme se propôe, de trazer o multiverso para completar o drama extraordinário. E nisso, em vários momentos, a auditora, apontando para o ápice dos problemas econômicos da família o descreve dentro de um risco circular de forma permanente. A contadora aponta o problema e permanece por alguns momentos riscando esse circulo indicando que todos seus problemas estão dentro daquele círculo riscado.
Isso é um pouco da interpretação inicial do filme, mas podemos ver muito mais além com a inclusão de infinitos multiversos para complementar a estória do filme. Por que se passar no multiverso? Por que ter um universo onde os humanos tem dedos de salsicha, qual o objetivo final? O amor, a aceitação, a falta da necessidade da forma física para existir o amor. O amor transcende a matéria, transcende tudo que se pode ver. Não importa sua orientação sexual, sua classe social, sua idade, seu jeito de ser, de se expressar. Vai existir amor, se você abrir sua mente para isso.
Evelyn começa a ser pressionada por outra versão do seu marido a lutar para salvar a situação que se agrava e a qual ela ainda não conhece inteiramente. Mesmo que o Waymond do universo paralelo diga a ela que ela é a única versão dela mesma de salvar todos os universos, ela não acredita em si mesmo, pois considera-se uma pessoa que fracassou na vida. Se ela não se vê como uma heroína em sua própria vida, como vai acreditar que pode salvar o multiverso? Qualquer um acharia difícil de acreditar nessas circunstancias.
Em um rápido diálogo entre Alpha Waymond (como Evelyn se refere a versão paralela de seu marido) e ela, Alpha Waymond diz:
Waymond: “Agora, você pode vir comigo e viver sua vida com todo seu potencial ou deitar aqui e viver com as consequências.”
Evelyn: “Eu quero deitar aqui.”
Entrando na visão de Joy que é constantemente pressionada pela sua mâe, nunca de forma indireta. É nessa forma indireta, através de pequenas coisas do dia a dia que Joy vai guardando, pouco a pouco, uma imensidão de pequenas coisas que a jogão dentro de um poço em si mesma. Quando você é levado ou instigado a ser algo que você não é, de forma insistente, constantemente, sendo lembrado de que você não é suficiente, que você deveria ser melhor, agir de uma forma específica, atender as espectativas de seus pais e parentes muito embora você nem tenha, primeiramente, pedido para nascer. Nessa visão, crava-se a pedra angular para o desenvolvimento do filme. E por falar em pedra, entraremos em outra dimensão, literalmente mais a frente nessa crítica.
Por não pedirmos para nascer, nossos pais e relativos tem de estar abertos aos riscos de que não seremos como eles esperam. Eles tem de estar abertos ao processo de aceitação do que eles trouxeram ao mundo para, em primeiro lugar, amar. Amar, educar, conscientizar, trazer gentileza para um mundo cruel. Cruel, sim, que nos espreme como uma laranja até nos moldar para atingirmos um padrão de comportamento esperado. Às vezes, a pressão é tanta que sucumbimos em um precipício dentro de nós mesmos, o que eu costumo entender como a depressão, a ansiedade, a vontade de fingir que tudo acabou de ter importância para não sentir mais dor.
Quando entramos num estado dentro de nós mesmos onde parece que não conseguimos mais sair, tudo ao nosso redor deixa de importar, pelo menos aparentemente. Estamos sentindo tudo em todos os detalhes, mas não temos mais força para lidar ou expressar mediante a tentativas abusivas que as pessoas impôem de mudança, de alcançar coisas grandes. Deixamos simplesmente tudo ser levado pelo tempo. Arguardando ansiosamente nosso próprio fim.
Jobu, a versão onipotente, onisciente e onipresente de Joy orquestra uma conversa com sua mãe para fazer com ela finalmente, pelo menos, em uma versão, abra sua mente para tudo que sua filha sente antes de acabar com tudo. Jobu começa a perceber que aquela versão de Evelyn, a que absurdamente, seria a menos competente para qualquer coisa segundo suas versões de todos os universos, seria a versão que teria maior disposição a entendê-la, a acompanhar ela em seu caminho de auto conhecimento. Ao, aparentemente, deixar de se importar, como Joy em sua versão Jobu fala no filme em determinado momento para sua mãe, Evelyn trás o que é, para mim, um dos diálogos mais importantes, duros e doloridos que eu já escutei, seja no cinema, na vida, ou em qualquer experiência.
Evelyn: “Isso é uma loucura.”
Jobu (Joy): “Você está começando a entender. Aonde é que você vai?”
Jobu (Joy): “De todas as Evelyns as quais eu vi, você é definitivamente uma das mais interessantes”
Evelyn: “O que você quer de mim?”
Jobu (Joy): “Aqui. Deixe-me ajudar você a abrir sua mente, tá? Aqui.”
Jobu (Joy): “Abra. Está tudo bem! Está tudo bem! Dê uma olhada.”
Evelyn: “O que é isso?” – Evelyn aparentemente começa a entrar no mundo do infinito de Joy.
Jobu (Joy): “Eu acordei entediada um dia e coloquei tudo em um bagel.”
Parando, rapidamente, o diálogo para tentar explicar por que um Bagel? Por que não um pão francês, um brioche, uma bisnaga, um sonho, ou qualquer outro tipo de pão. Por que um Bagel? O Bagel, trazendo para o contexto inicial do filme, é um pão de formato circular e vemos esse formato circular lá no início do filme. Cena descrita alguns parágrafos acima. O formato circular na interpretação desse texto indica que todos os problemas da família estão dentro daquele círculo, um círculo claramente metafórico. Seria também o círculo familiar. Abaixo vemos outros significados para o Bagel, trazendo história e sua conexão com aceitação.
Existem relatos de que a origem tenha sido, provavelmente, da Polônia, outros registros datam a origem onde um padeiro vienense criou o pão em homenagem a um rei polonês. fazendo a iguaria em forma de estribo (objeto utilizado para montagem de cavalos). Estribo em alemão seria Bügel. Além do formato constantemente presente no filme, temos um significado histórico do Bagel no que tange o assunto de proibição, restrição de ser. O pão foi um alimento proibido ao povo judeu, pois a Igreja os considerava como um povo inimigo. Eram legalmente proibidos de cozinhar no mercado. Nesse contexto, existiu uma política excepcional e de visão tolerante e compreensiva onde os judeus foram tratados como iguais cidadãos do país sem tratamento diferenciado mediante sua religião. Um marco histórico o qual trás aos judeus o direito de ter acesso ao pão, incluindo o Bagel.
Voltando ao diálogo, depois de explicar, mesmo que de forma breve a importancia do Bagel e seu formato, continuemos:
Jobu (Joy): “…Tudo”
Jobu (Joy): “Todas as minhas esperanças e sonhos, meus boletins antigos…”
Jobu (Joy): “Todas as raças de cachorros.”
Jobu (Joy): “As últimas pessoas adicionadas na craigslist”
Jobu (Joy): “…Sésamo, sementes de papoula, sal.”
Jobu (Joy): “E ele se colapsou nele mesmo.”
Jobu (Joy): “Pois, sabe? quando você coloca, realmente, tudo em um Bagel, ele se transforma nisso. A verdade.” Evelyn: “O que é a verdade?”
Jobu (Joy): “Nada importa.”
Evelyn: “Não, Joy! Você não acredita nisso.”
Jobu (Joy): “O sentimento é bom, não é?”
Jobu (Joy): “Se nada importa, então toda a dor e culpa que você sente por não fazer nada de sua vida vai embora.”
Jobu (Joy): “Sugada para dentro de um Bagel.”
Outra palavra significante nesse diálogo: SÉSAMO. Sésamo é uma semente, o nosso conhecido gergelim. Sésamo é uma palavra de origem árabe, empregada no conto de Ali Baba como palabra mágica para abrir uma caverna que guarda um tesouro. E faz alusão a forma como a semente de gergelim se abre quando cultivada, lentamente. Seria uma metáfora para esse momento especial no filme, onde Joy está se abrindo lentamente como uma semente de sésamo para que sua mãe comece a entendê-la depois de atravessar infinitos universos.
Depois de mostrar um vislumbre do caos, do abismo onde a filha se encontra rapidamente a cena mostra uma evelyn completamente reflexiva. Essa saga entre os infinitos multiversos teve sua semente de sésamo plantada com sucesso na mente de Evelyn. Visto que ela agora, começa a compreender sua filha e está mais perto do que nunca de aprender a se conectar com ela e salvá-la de seu próprio caos. Salvá-la de planejar seu próprio fim e o fim de tudo que existe.
Evelyn tinha todos os motivos para impedir Jobu de acabar com tudo, seguindo o planos do Alphaverso, universo no qual a Evelyn cientista criou essa forma de se conectar com diversos universos. Mas, ao perceber que até nesse universo sua filha, que se tornaria Jobu, teve sua mentalidade corrompida depois de diversas e continuas repreensões da Evelyn daquela dimensão, ela percebe que ela precisa corrigir sua relação com sua filha. Assim, ela aceita enfrentar essa jornada na qual ela tem como propósito recuperar sua filha de seu caos interior.
E, nessa jornada, ela se depara com várias versões bem sucedidas de si mesma. Tantas possibilidades. Mas mesmo tento tudo de material que a vida poderia oferecer, essas versões mostravam que ela não tinha Waymond ao seu lado e, por consequência, nem sua filha. Podemos contrastar também que o único universo apresentado no qual ela é bem sucedida e viveu com Waymond, ela praticamente destrói o estado psicológico de Joy o que leva a garota a se transformar em Jobu. Além da própria Evelyn morrer também nesse universo (Alphaverso).
Ela percebe, que nenhuma outra realidade chegaria perto da vida simples, mas que, embora com tanta dificuldade ela administrava manter os três juntos. A única coisa que faltava era aceitação e agradecimento pelo muito que estava ali e que bastava um simples gesto. Aceitar.
Evelyn cria forças, segue sua jornada entre o multiverso, utiliza praticamente senão todas as suas versões ao seu favor, captando tudo que fosse necessário para que ela conseguisse alcançar a compreensão que Joy precisava.
Um momento, Jobu, mostra um livro para Evelyn revelando que a sua filha é Jobu e que Jobu é sua filha. o nome do livro é “Everything, Everywhere, all at once” (Tudo em Todo Lugar ao Mesmo Tempo). Assim, podemos ver que se a Evelyn quiser salvar a sua filha, terá de aceitar todas as versões dela em tudo, em todo lugar, ao mesmo tempo. Uma versão não se separa da outra, pois só existe uma. E uma pessoa pode ser o que quiser, quando quiser, onde quiser. Na cena, elas conversam em uma espécie de santuário e Jobu a acompanha com o cabela adornado como se fosse um Bagel na cabeça lembrando e sempre colocando Evelyn para encarar seus problemas, problemas esses que se encontram dentro do Bagel. E desde o início vemos seus problemas sendo colocados dentro de um Bagel riscado em papel como já falamos. Jobu fará Evelyn enfrentar todos os seus medos.
Aqui chegamos a questão da pedra, da rocha que esse filme reserva. Enquanto Joy tenta se manter em seu cativeiro pessoal, Evelyn tenta mostrar a ela que as duas podem conversar e tentar se entender. Porém Joy não quer mais voltar a sentir nada, ela só quer acabar com tudo. Ela tem medo de, que, se ela voltar a se importar, ela sofrerá novamente. O trauma da dor faz com que ela prefira o silêncio do fim. Mas mesmo no silêncio, o amor e a dor falam. E é nessa cena espetacular na qual as duas são rochas em um dos infinitos universos que o diálogo silêncioso toma vez. Uma pedra, que não fala, que não ouve, que não anda, que não faz nada. Só existe. Mas mesmo nesse estado de ser, o amor pode atingir uma pedra, ou melhor, um coração que se tornou uma pedra, criou uma casca tão grossa que só o amor poderia atingir.
Jobu diz a Evelyn que sabe como é ser sua filha e que sabe a dor de ser sua filha e então Evelyn diz que, assim, Jobu saberia que sua mãe faria o que fosse certo para Joy, e por consequência para Jobu.
Jobu: “O certo é uma caixinha inventada por pessoas que tem medo e eu sei o sentimento de estar presa nessa caixa.”
Jobu: “O Bagel vai mostrar a você a verdadeira natureza das coisas. Você estará livre dessa caixa, assim como eu.”
Jobu: “Eu só estava procurando por alguém que pudesse ver o que eu vejo. Sentir o que eu sinto.”
Então, vemos novamente Jobu enfrentar Evelyn, dizendo indiretamente que ela não precisa mais esconder seu preconceito com sua orientação sexual através de seu pai, avô de Jobu (Joy).
Evelyn, ao começar a ver e sentir o que Jobu sente, começa a ver que as coisas periféricas de sua vida não importam realmente. Sua vida toma importancia através das pessoas que ela ama e que se importam com ela e vice-versa. A auditoria não importa, a lavanderia não importa, os clientes sem noção não importam, o provável preconceito de seu pai e o eterno julgamento dele poe ela ter se casado com Waymond não importa. Por fim, a orientação sexual de sua filha não importa. O que importa é a essencia do que não se vê. Como em o pequeno príncipe, Evelyn começa a perceber que o importante é invisível aos olhos.
Depois de ter acesso a todo conhecimento puro e ter acesso a todo o multiverso ela se desamarra de qualquer construção social, vendo que tudo é mera ilusão. Evelyn se transforma numa pedra e vai rumo ao silêncio interior de sua filha para, enfim, se reaproximar no infinito.
E essa cena a qual citei anteriormente é extraordinária em todos os aspectos. Ressaltando que o diálogo trás um tom de dualidade nas cores do texto, sendo as falas de Evelyn em texto preto e as falas de Joy em texto branco, onde o filme vem demonstrando ao longo da trama. Sempre com os olhinhos de brinquedo, preto e branco, o santuário do Bagel branco e o Bagel preto, iluminações que se movimentam criando a ilusão do lado escuro e do lado claro. Uma verdadeira alusão ao ying-yang. O encontro da caverna e do exterior da caverna de platão. Leia abaixo o diálogo de palavras, mostrando que o grito da dor é o silêncio.
Joy: “Ótimo, você está aqui também” – fala Joy com sarcasmo, pois ela está ali sozinha justamente para estar sozinha como uma pedra. sem querer contato com ninguém. quer o seu silêncio imaculado e sua dor também.
Evelyn: “Joy, onde nós estamos?”
Joy: “Um dos universos onde as condições não eram as certas para que a vida se formasse. A maioria deles são assim, na verdade.”
Evelyn: “Legal.”
Joy: “Sim, você pode só sentar aqui e tudo parece estar bem distante.”
Evelyn: “Joy, me desculpe por arruinar tudo.”
Joy: “Shhh. Você não precisa se preocupar com isso aqui. Seja só uma pedra.”
Evelyn: “Eu me sinto tão estúpida.”
Joy: “Meu Deus, por favor. Somos todos estúpidos. Pequenos, estúpidos humanos. É como se fosse nossa natureza. Na maior parte da história nós achávamos que nós éramos o centro do universo. Nós matamos e torturamos pessoas por falarem o contrário. Isso é, até descobrirmos que, na verdade, a terra gira em torno do sol. Que é só um sol no meio de trilhões de sois. E agora, olhe pra nós, tentando lidar com o fato de que tudo isso existe dentro de um universo que está dentro de quem sabe quantos outros. Cada nova descoberta é só um lembrete…”
Evelyn: “… que todos somos pequenos e estúpidos.”
Joy: “E quem sabe qual a próxima grande descoberta está por vir…para fazermos nos sentir como merdas menores ainda.”
Evelyn: “Palavrão.”
Joy: “Sério?”
Evelyn: “Estou brincando. Isso foi uma brincadeira.”
Joy: “ha ha ha”
Evelyn: “Uma grande ***** de uma piada.”
Joy: “ha ha ha ha ha”
Joy: “P***a”
Evely: “O que foi?”
Joy: “Eu estive presa assim por tanto tempo. Vivendo tudo… Eu esperava que você fosse ver algo que eu não vi. Que você fosse me convercer de que haveria outra solução.”
Evelyn: “Do que você está falando?”
E a cena fenomenal acaba. Jobu fala que construiu o Bagel para destruir a si mesma para escapar da dor. Ela queria destruir tudo, mas tudo para ela na vida dela. Tudo para ela é o que ela vive e ao acabar com ela, ela acabaria com sua dor. Ela esperava que sua mãe le mostrasse outro jeito, acabando assim a cena onde elas são pedras.
Evelyn, então, percebe que sua filha quer acabar com sua vida. O filme segue depois em tentativas desesperadas de Evelyn de não deixar Joy entrar no Bagel, ou seja, acabar consigo mesma. Ela vai numa batalha entre mãe e filha. até conseguir perfurar a superfície dura da dor de Joy e demonstrar seu amor. O amor e aceitação de Evelyn por sua filha constituiriam o único jeito que Joy tanto procurava para tentar sair daquele labirinto sem saída.
E, como numa cadeia de eventos que, segundo a própria Joy, seria “uma inevitabilidade estatística”, Waymond consegue mais uma semana para para resolver os problemas com a auditoria da lavanderia.
Nesse mesmo momento em que Evelyn recebe a notícia, ela escuta um discurso de Waymond em outro universo:
Waymond: “Você me diz que o mundo é cruel e que vivemos andando em círculos. Eu sei disso.”
Waymond: “Eu sei que vocês estão brigando pois vocês estão todos com medo e confusos. Eu estou confuso também.”
Waymond: “Quando eu escolho ver o lado bom das coisas, eu não estou sendo ingênuo. É estratégico e necessário. é como eu aprendi a sobreviver a tudo.”
Waymond: “A única coisa que eu sei é que nós temos que ser gentis. Por favor, sejam gentis. Especialmente quando não sabemos o que está acontecendo.”
Evelyn entende que Waymond, em todos os universos, luta sendo gentil. Foi assim que ele conseguiu em um universo converncer Dierdre a dar mais uma semana. Ela percebe que é lutando com gentileza que ela vai conseguir salvar sua filha.
E com a bondade do coração de Waymond, num simples toque de mãos é como se ela adquirice uma imunidade a força de Jobu que está tentando levar ela para o fim, e essa imunidade inunda a existência de Evelyn. Ela vê e se demonstra agradecida pela vida, que mesmo cheia de problemas, conta com o amor incondicional de seu Waymond. E com esse amor incondicional, dessa vez no papel de mãe que ela batalha com Jobu.
Evelyn profere a frase:
“Sempre tem alguma coisa para amar.”
O amor às vezes provoca medo e aflição, medo da decepção, de reviver situações. Mas o amor deve ser mais forte que o medo para que se consiga vencer batalhas internas e externas. O amor de Evelyn pela filha foi maior que Tudo em Todo Lugar ao Mesmo Tempo. E isso salvou sua filha de finalizar a própria vida.
Grande vencedor do Oscars 2023, ganhando as seguintes categorias: melhor filme, melhor atriz, melhor atriz coadjuvante, melhor ator coadjuvante, melhor direção, melhor roteiro original e melhor montagem. Além de ter se tornado o filme mais premiado da história.
Nota Final: 10.0
Assista ao trailer abaixo:
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