Crítica | Não! Não Olhe! (2022)

Diogo Souza

24 de agosto de 2022

O cineasta Jordan Peele, vencedor do Oscar, renovou e redefiniu o terror moderno com Corra!, em 2017, e Nós, em 2019. Não! Não Olhe! se passa nos arredores de Los Angeles, no árido e sinuoso Vale de Santa Clarita, no sul da Califórnia. É onde situa-se o rancho que os irmãos OJ Haywood (Daniel Kaluuya) e Emerald Haywood (Keke Palmer) herdaram de seu pai, o criador e domador de cavalos lendário na indústria cinematográfica, Otis Haywood Sr. (Keith David, vencedor do Emmy: Crime Sem Saída e Crash – No Limite). Eles querem manter o rancho e dar continuidade ao ofício do pai.

OJ e Emerald começam a perceber fenômenos inexplicáveis em seu vasto rancho que os leva a um obsessivo labirinto — criar meios filmar e registrar o mistério na câmera. Suas artimanhas para possibilitar a documentação, através de estratégias cada vez mais elaboradas e perigosas, colocam em risco a única coisa que eles realmente têm: o negócio suado de seu falecido pai, que com seu estilo de John Henry, famoso pistoleiro de faroeste, os deixou sob a sua vasta sombra.

Tudo se intensifica ainda mais à medida que os irmãos contratam a ajuda especializada do funcionário da loja Fry’s Electronics, Angel Torres (Brandon Perea: a série The OA, American Insurrection), e do aclamado cineasta Antlers Holst (Michael Wincott: Hitchcock, a série Westworld), à beira da aposentadoria. Quando os esforços e a arrogância da dupla – agora um quarteto – chegam a um beco sem saída, no máximo do efeito catraca, apontando para terríveis consequências trazendo emoções complexas e íntimas.

Sobretudo, esse é um filme sobre o que Hollywood, e nossa sociedade ocidental por inteira, apaga. Negros, polêmicas e outros elementos importantes simplesmente esquecidos!! Enquanto a mídia se preocupa em trazer notícias chocantes. É interessante notar como o Jordan vai montando um filme de faroeste nos dias atuais e ainda mais com um assunto tão polêmico como OVNI’s. A imagem, talvez essa seja a principal mensagem do filme, porque isso aparece em tela, roteiro, direção e praticamente todos os aspectos desse espetáculo cinematográfico. 

Já estamos espertos em saber que o diretor ama trazer esse Terror aliado com alguma crítica social. Dessa forma ele observa de perto nosso relacionamento com animais e criaturas, usando-as como ferramenta – como no circo para puro entretenimento, bem representada através de Jupe (Steven Yeun), uma ex-estrela de TV que, quando criança, foi parte de uma sitcom cancelada depois de um incidente com um chimpanzé. Que inclusive aconteceu algo parecido na vida real em com uma história chamada “O Chimpanzé Travis”. O ponto aqui é que mesmo com esse incidente horrível, ele o monetiza vendendo a história como querem ouvir. E claro que surgiria interesse no fenômeno visto nas nuvens chegando ao momento de achar ser capaz de dominá-lo. 

Essa parte da sitcom e do passado dele podem ficar um pouco deslocadas de começo, mas depois vai parecendo mais natural – inclusive nas reflexões pós-filme.

O diretor de fotografia Hoyte Van Hoytema — referência com câmeras IMAX — aproveita todo o espaço da tela para trazer à vida as visões mais profundas do diretor. Assim, ele consegue fazer um longa sobre o poder de imagens, tornando a própria obra, em si mesmo, uma prova disso. Não! Não Olhe! só peca em alguns momentos por não trazer a profundidade necessária aos personagens, fazendo-os parecer ambíguos dado alguns momentos!!

Nota Final: 9.5

O filme reúne Jordan Peele e o ator vencedor do Oscar, Daniel Kaluuya (Corra!Judas e O Messias Negro), com Keke Palmer (As GolpistasAlice) e Steven Yeun (Minari: Em Busca da FelicidadeOkja), ator indicado ao Oscar, como residentes de um vale desértico e isolado no interior da Califórnia que testemunham uma descoberta estranha e assustadora.

Esse filme foi assistido à convite da Universal Pictures.

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