Um jovem programador chamado Caleb ganha um concurso e recebe a oportunidade de testar uma inteligência artificial criada por Nathan, um brilhante e recluso bilionário. Quem não gostaria de uma oportunidade dessa não é mesmo? Então ele está prestes a descobrir verdades confusas e perigosas. Mas é bom?
Filmes que discutem a relação homem com a máquina são bem antigos no cinema. Em 1927, tivemos a obra-prima “Metrópolis” do alemão Fritz Lang, onde retrata a revolução trabalhista a partir do caos instaurado por uma robô. A concepção futurista é espetacular para a época e mostrou como o tema e futuros utópicos podem estar em pauta durante séculos, e mesmo com tanta insistência no assunto – existem aquelas histórias que se destacam.
Um programador muito bom é sorteado para participar de um experimento e avaliar as qualidades humanas de um sistema de inteligência artificial criado pelo excêntrico Nathan. Ele está ciente do Teste de Turing para isso, sistema proposto por Alan Turing:
“O Teste de Turing, introduzido por Alan Turing em 1950 testa a capacidade de uma máquina exibir comportamento inteligente equivalente a um ser humano, ou indistinguível deste.”
Caleb e Nathan são dois personagens inteligentíssimos. Os diálogos entre eles trazem várias referências a questões científicas, literárias e morais – para quem gosta desses fatos o filme é um deleite. Tudo é colocado de forma simples, e claramente a trama roda ao redor da AVA – a garota mágica do filme. Ela foi interpretada pela Alicia Vikander, vencedora do Oscar de “Melhor Atriz Coadjuvante” por “A Garota Dinamarquesa” (2015), ela traz uma personalidade meio termo entre humana e robô, dando o aspecto ideal para criarmos empatia com metal. Os efeitos visuais são extremamente realistas e a direção de câmera por vezes parece extremamente claustrofóbica.
É interessante notar que esse filme é o primeiro do Alex Garland, que já havia participado de outras produções como roteirista e não como diretor. Mas aqui ele também brilha, podemos ver todos os detalhes minuciosamente trabalhados como quando a AVA está se libertando e se descobrindo – é possível notar o filtro de cor ficando mais vivo e colorido enquanto o do Caleb vai ficando azul e vermelho escurecidos, transparecendo a confusão do personagem se realmente fez a escolha certa.
Ex Machina: Instinto Artificial é uma inteligente e questionadora ficção científica, capaz de inúmeros debates sobre a evolução da inteligência artificial e sua relação com o Homem. Tudo nesse filme foi extremamente acertado, desde o elenco, roteiro e direção – não é por acaso que foi o vencedor do Oscar de “Melhores Efeitos Visuais”.
Nota Final: 10.0
Caleb Morreu?
O final é mais ou menos esperado: Ava começa a manipular Nathan e Caleb e acaba fugindo da casa para o mundo exterior, deixando um rastro de destruição. No entanto, a grande questão é Caleb: ao sair da casa, ela deixa-o para trás, porém não de forma voluntária já que ela o perguntou:
-Vai ficar?
É possível que ela possa sobreviver já que o quarto tem diversos pesos de academia que eram usados por Nathan – até porque a cadeira que ele começou a bater rachou a porta, ou ele poderia esperar até que o próximo helicóptero de reabastecimento chegue, já que alguém perceberia em algum momento que o CEO da empresa simplesmente parou de responder. E todo dia que Caleb sobrevive suas chances de ser notado aumentam drasticamente, já que o “concurso” que ele ganhou é extremamente famoso nas empresas e estariam o esperando para contar.
Além de tudo a Ava precisa ser recarregada – não em uma tomada comum, mas por eletrônicos construídos por Nathan. Isso significa que ela voltará a propriedade em algum momento muito provavelmente.
Um jovem programador chamado Caleb ganha um concurso e recebe a oportunidade de testar uma inteligência artificial criada por Nathan, um brilhante e recluso bilionário. Mas conforme os testes progridem, Caleb descobre que essa inteligência artificial é tão sofisticada e imprevisível que ele não sabe mais em quem confiar.
Ex-Machina está disponível na Netflix.