Correndo contra o vento é um drama esportivo, uma história de amadurecimento, que em uma 1 e 56 minutos traz uma incrível quantidade de fatos e sentimentos, nunca entediante – mas será que convence também?
Abdi é um corredor talentoso, enquanto Solomon é um aspirante na fotografia depois que um trabalhador humanitário leva os meninos em uma viagem à agitada capital de Addis Abeba. E em pouco tempo, o pequeno Solomon agarra a câmera do trabalhador e foge para a cidade, para nunca mais ser visto. O filme avança e mostra alguns flashbacks de vez em quando mostrando que Abdi (Ashenafi Nigusu) se tornou um campeão nacional de corrida ainda em busca de seu amigo perdido. Acontece que Solomon (Mikias Wolde) está vivo, porém se envolveu com uma gangue.
O filme explora sabiamente as complexidades da irmandade, seja o vínculo entre Solomon e seus companheiros rejeitados ou a amizade entre a equipe atlética de Abdi. Coisa que a direção consegue expressar muito bem com os tipos de corte e duração das cenas – ao juntar com a trilha sonora satisfatória, que não se excede e nem some demais, a ambientação vai longe e o filme muda de clichês de empoderamento nos esportes para uma sequência de ação completa. O que pode parecer estranho a primeira vista, e inconsistente outras vezes.
Um detalhe que talvez inche demais a trama do filme e não leve a muitos lugares interessantes é que ao invés de aprofundar a conexão com os personagens, essas subtramas desviam o vínculo no centro do filme e vão cansando o espectador, fazendo acontecimentos que deveriam ser totalmente impactantes, por vezes indiferentes e com déficit de empatia. Mas em geral, seu modo leve e edificante é um afastamento bem-vindo do curso violento da maioria dos filmes ambientados na África que são lançados nos Estados Unidos. Finais felizes resolvem o problema e são extremamente bem-vindos.
Nota Final: 7.0
Trailer e sinopse
No início da infância, os irmãos Abdi e Solomon se separam. Solomon escapa de sua pequena cidade natal no estado regional de Oromia ansioso para chegar à maior cidade da Etiópia: Addis Abeba. Ao chegar à capital, ele se depara imediatamente com a frieza e a indiferença que a cidade oferece. Com a inexperiência e inocência de sua alma, ele logo acaba nas ruas. Enquanto isso, Abdi fica em sua própria cidade, se torna um atleta amador e tem a oportunidade de treinar para se tornar um corredor olímpico em Addis Abeba, na esperança de seguir o exemplo da lenda etíope local e medalhista de ouro Haile Gebrselassie. Uma vez adultos, os dois irmãos acabam se reunindo quando se cruzam na cidade grande; no entanto, a aspereza das ruas e a complexidade do sucesso assomam para perturbar sua camaradagem mais uma vez.