Crítica | Beau Tem Medo (2023)

Agnes Maciel

20 de abril de 2023

Um homem paranoico embarca em uma odisseia épica para voltar para casa e encontrar sua mãe.

Mas é bom?

O filme utiliza linguagem surrealista em vários momentos, com foco na delicada fronteira entre a realidade e a fantasia, que se misturam na vida de uma pessoa que enfrenta transtornos como depressão, ansiedade e questões ligadas a abuso emocional, especialmente no contexto familiar. Através de uma linguagem única e metafórica, o filme tenta transmitir os gatilhos que podem ter dado início a esse ciclo tóxico que envolve a vida de Beau.

Em alguns momentos, nós ficamos tão envolvidos na narrativa que podemos dizer que também temos essa dificuldade de discernir o que é real do que seria fantasia na mente de Beau. Ele passa por uma jornada dentro de si em busca de respostas sobre questões que permearam toda sua vida. Algumas questões que podemos observar seriam também questões relacionadas com transtorno de déficit de atenção e, possivelmente, dupla personalidade.

Ele tem dificuldade com relações interpessoais e isso vai sendo mostrado detalhadamente durante o longa. Podemos perceber que ele enxerga as coisas sob uma perspectiva que a todo momento parece ser diferente do que os outros ao seu redor. A forma como ele se vê é sempre posta à prova, até por pessoas que sempre foram próximas a ele.

Assim, podemos afirmar que cada momento dessas relações conturbadas serviu como uma engrenagem para o desenvolvimento de uma personalidade quase autodestrutiva em que ele se encontra consumido por ter uma vida tranquila que nunca se concretiza, chegando a ser sufocante. Constantemente à espera dessa paz, aprisionado e desesperado pelo medo de que suas ações prejudiquem os outros.

Joaquim Phoenix não põe limites em sua excelente interpretação de alguém que vive o sofrimento diário, que internamente, parece eterno, lidando com problemas que afetam a saúde mental. Entregando-se totalmente ao personagem. E embora tenha interpretado um personagem com problemas semelhantes em “O Coringa”, em “Beau Tem Medo”, a fonte do desenvolvimento desses problemas é completamente diferente e, portanto, os resultados também são distintos. Tornando-se mais uma atuação brilhante e única em meio a um universo de caos.

No final, Beau Tem Medo é um filme que certamente agradará aos fãs do gênero e aos cinéfilos que apreciam obras complexas. Com um forte teor psicológico, a trama nos leva diretamente para dentro da perspectiva do personagem sem filtros, nos imergindo em sua jornada emocional e nos fazendo refletir sobre temas delicados. Então, se você está em busca de um filme intenso e impactante, Beau é esse filme!

Nota do Filme: 8.0

Este filme foi assistido à convite da Diamond Films.

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